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Foto do escritorVivian Laube

Comunicação não violenta na prática: ligando o botão da empatia

Quando dou treinamentos e compartilho meus conhecimentos sobre empatia, escuta ativa, comunicação não violenta (CNV), percebo que as pessoas me olham um pouco desconfiadas, e já sei o que elas estão pensando: isso não é pra mim, eu nunca vou conseguir agir deste modo.


Eu também pensava assim, no início da minha formação, até que entendi que eu posso exercitar a CNV pelo menos em alguns momentos e situações, já que, ao longo dos meus 56 anos, fui ensinada a agir de modo totalmente diferente.


Gosto de dizer: quando tal situação acontece é hora de ligar o botão da empatia, da escuta. E isso sido um gesto de autoempatia e autocompaixão, além de ser um modo de aliviar as pessoas que fazem meus treinamentos.


Ontem tive a oportunidade de vivenciar, em uma conversa por whatsApp, este botão sendo ligado por uma amiga e depois por mim.


Nesta semana, por estar mais tempo no computador, eu já havia danificado minha coluna e estava com muita dor, que vinha até o braço. E ontem, ao tomar banho, fiz algum movimento que travou minha lombar. Além disso, tive enxaqueca. Sim, muitas dores no mesmo dia. Então, resolvi perguntar a esta amiga, que é fisioterapeuta e osteopata, super competente, quando voltaria a atender, e contei tudo que estava me acontecendo. Vale dizer que me trato com ela há pelo menos 10 anos e não conheço outra pessoa capaz de colocar minha coluna no lugar.


Na nossa conversa por aplicativo, ela enviou vídeos de dois exercícios que eu poderia fazer e um áudio, dizendo que a clínica ficará fechada na próxima semana. Foi gentil, delicada e compartilhou comigo suas angústias sobre este momento. Vejam minha resposta: oi amada, estou fazendo os exercícios, eu sei o que fazer, só quero que me digas se coloco água quente ou gelo.


Qual não foi minha surpresa ao receber uma resposta dela checando o que eu quis dizer e manifestando dúvidas sobre o modo como falei. Disse ainda que estava sensível neste momento e que poderia ser por isso que minha frase a teria incomodado.


Num primeiro momento levei um susto e, em seguida fiquei maravilhada com o que ela estava fazendo! Na hora percebi que minha frase era de uma grosseria sem fim, que eu havia desconsiderado toda a ajuda que ela, com tanta atenção, havia me dado. Então, tive a oportunidade de refazer o mal-estar que eu havia gerado, sem ter a menor intenção. Pude explicar que quando digo que já sei o que fazer isso se deve aos ensinamentos dela durante tantos anos de tratamento. Pude dizer o quanto a considero e o quanto eu espero que ela volte a trabalhar para colocar minha coluna no lugar!!! E acima de tudo, eu a cumprimentei pela atitude de checar, ao invés de julgar o que eu havia escrito, pois os julgamentos possivelmente a levariam a pensamentos negativos sobre mim ou sobre a profissional que ela é, já que está mais sensível neste momento. Pensamentos estes que poderiam gerar sentimentos de frustração, raiva, medo, angustia, tristeza, porque a necessidade dela talvez fosse reconhecimento, valorização, escuta, apoio, carinho... Percebam que nosso sofrimento vem dos nossos pensamentos, que geram sentimentos a partir de necessidades não atendidas.


Se todos nós aprendêssemos a checar ao invés de julgar, certamente teríamos relações muito mais saudáveis e assertivas.


Que aula de comunicação não violenta eu tive com minha amiga! Que oportunidade de ligar meu botão da empatia e olhar para este ser humano lindo que ela é, que teve o cuidado de me dizer como se sentia por algo que falei. Que bom que ao ler a mensagem dela, eu não precisei ficar com pena de mim, nem julgar que ela estava sendo frágil e achar uma bobagem (como muitas vezes pensamos e agimos quando o outro fala de si), mas tive a grande oportunidade de criar uma conexão ainda maior entre nós, de respeito, cuidado e admiração.


Percebam como a comunicação não violenta nos apoia em todas nossas conversas, especialmente nas mais difíceis, e o quanto ela nos ajuda a nos aproximar ainda mais de quem gostamos.


Cada vez mais apaixonada pela CNV!


225 visualizações2 comentários

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2 Comments


Marilia Diehl
Marilia Diehl
Mar 28, 2020

muito bom o artigo CNV , estou procurando aplicar !

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Guilherme Zatta Lorenzet
Guilherme Zatta Lorenzet
Mar 28, 2020

Excelente leitura!!! 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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